Depressão é um transtorno extremamente prevalente. Estima-se que 300 milhões de pessoas lutem contra depressão, atualmente, ao redor do globo. No Brasil, mais de 11% da população já recebeu um diagnóstico de depressão, sendo a maioria mulheres. Quando a depressão se torna de difícil tratamento, consideramos que é uma depressão refratária.
A depressão se caracteriza por um quadro de tristeza contínua ou perda de prazer em atividades diárias que dura pelo menos 30 dias. A depressão tem muitas facetas e outros sintomas que podem estar presentes constroem um mosaico que às vezes pode ser de difícil diagnóstico.
Confira abaixo os critérios diagnósticos da depressão de acordo com a 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-5).
Para o diagnóstico são necessários pelo menos 5 sintomas. Entre eles, pelo menos um deve ser ou humor deprimido (ou irritável em crianças e adolescentes) ou diminuição do prazer. Além disso, ao menos 4 dos sintomas listados abaixo devem estar presentes:
- Perda ou ganho significativo de peso;
- Insônia ou sonolência excessiva;
- Agitação ou retardo psicomotor;
- Fadiga ou perda de energia;
- Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva inapropriada;
- Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar;
- Pensamentos recorrentes de morte, ideação suicida, com ou sem plano.
O tratamento de depressão é feito inicialmente com antidepressivos, principalmente da classe de inibidores de seletivos de recaptação da serotonina. Porém, para escolha individual, costumo usar a técnica de “tratamento guiado pelo sintoma”. Uso antidepressivos com características terapêuticas e efeitos colaterais que possam ser benéficos para o paciente. Por exemplo, uma depressão com insônia associada pode se beneficiar mais de um antidepressivo que tenha como efeito colateral sonolência.
Deve ser sempre lembrado sempre que o tratamento farmacológico é apenas parte das intervenções que podem ser usadas para o tratamento da depressão. A psicoterapia é fundamental para entender o contexto psicossocial que proporcionou o quadro e muitas vezes é fundamental para evitar recaídas ou uso crônico de antidepressivos. Às vezes, porém, é necessário o início da psicoterapia após ação parcial dos antidepressivos, pois é um momento em que o paciente já apresenta volição e iniciativa para aproveitar as sessões.
A depressão refratária ou de difícil tratamento é aquela que não responde a pelo menos duas ou três tentativas de tratamento com antidepressivos, em dose adequada, que duraram ao menos 8 semanas cada. A depressão refratária exige maior conhecimento técnico do psiquiatra. O diagnóstico deve ser revisado, discutindo se há comorbidade com outros transtornos psiquiátricos. Também deve-se investigar possíveis transtornos orgânicos que possam justificar sintomas e revisada a lista de medicações em uso. Só então investe-se em tratamentos combinados com outras medicações ou procedimentos (como eletroconvulsoterapia).
Leia mas sobre o tratamento com antidepressivos:
1) Venlafaxina
Autora:
Dra. Ana Flávia Machado
Médica formada pela UFPR, Psiquiatra formada pela UNICAMP e Psicogeriatra formada pela UNIFESP.
O texto
Referências:
- Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS-OMS): https://www.paho.org/pt/topicos/depressao. Último acesso em 05/06/2022
- AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (DSM-V). Arlington, VA: American Psychiatric Association, 2013.