Os transtornos de ansiedade incluem uma gama de diagnósticos diferenciais. De acordo com o DSM-5, como transtorno de ansiedade generalizada (TAG), transtorno do pânico, transtorno de ansiedade social, fobias e mutismo seletivo.
Ansiedade é um sentimento desagradável, que conta com uma inquietação interna e uma apreensão intensa em relação ao futuro. Por si só, não é um fenômeno patológico. O sentimento de se sentir ansioso foi útil ao longo da evolução da humanidade, ajudando a prever e prevenir possíveis riscos, como predadores ou animais peçonhentos.
Até os dias atuais a ansiedade tem um papel importante em antecipar situações futuras, impulsionar busca de conquistas e reagir a momentos de perigo. Um exemplo, é um estudante que, ao sentir-se ansioso em relação uma prova, estuda por mais tempo e com mais afinco.
Mas por que na atualidade sentimos ansiedade como algo que traz mais malefícios do que benefícios? Muito porque o mundo mudou, mas ainda continuamos programados através dos nossos genes a sentir ansiedade. As coisas não são tão simplistas quando um ataque de um predador, então os múltiplos fatores acabam intensificando nossas incertezas. Se como a ansiedade é descrita como preocupação excessiva com o futuro, hoje temos situações mais complexas e mais acesso a informações. Agora, como nunca, somos cientes dos riscos do mundo e da incerteza do futuro.
Do ponto de vista clínico, podemos separar os grupos de ansiedade em três tipos de sintoma: físicos, emocionais e cognitivos. Nessa ampla gama de sintomas possíveis, nascem tipos diversos de apresentações dentro dos transtornos ansiosos. Isso pode ser visto dentro das diferentes manifestações de crises agudas, que podem variar de acordo com a cultura ou vivência pessoal do indivíduo. Por exemplo, indivíduos com epilepsia são mais propensos a ter crises ansiosas em formas semelhantes a crises convulsivas (as chamadas “pseudocrises” ou crises convulsivas não epiléticas). Outro exemplo é a manifestação de ataques de pânico ao redor do globo. Na América Latina as crises mimetizando sintomas cardiovasculares – como dor no peito – são mais frequentes do que no resto do mundo.
No consultório, o transtorno de pânico e o TAG são os transtornos ansiosos mais frequentes. O Transtorno de Ansiedade Generalizada se caracteriza principalmente pelos sintomas de ansiedade e de preocupações excessivas e desproporcionais. O Transtorno do Pânico por sua vez é caracterizado por repetidas crises de ansiedade extrema associado a comportamentos evitativos que visam não sofrer esses ataques em lugares em que se encontra mais vulnerável. No idoso, sintomas ansiosos devem sempre ser investigados com exames laboratoriais e, após avaliação, pode ser necessário realização de neuroimagem.
O tratamento para transtornos ansiosos são diversos, incluindo psicoterapia e farmacoterapia. Para Transtorno de Ansiedade Generalizada, o mais utilizado são os antidepressivos da classe ISRS (como Paroxetina ou Sertralina) ou a Venlafaxina. A escolha da medicação leva em conta existência de outras doenças, histórico de resposta pregressa e perfil de efeitos colaterais. O tempo para melhora sintomática do tratamento depende da terapia instituída, sendo que em média, no uso de antidepressivos, a reavaliação deve ser realizada entre 4 e 6 semanas.
Autora:
Médica formada pela UFPR, Psiquiatra formada pela UNICAMP e Psicogeriatra formada pela UNIFESP.
Referências:
- Dalgalarrondo, P Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre, 2000. Editora Artes Médicas do Sul 2. Kaplan, H.I; Sadock, B.J. Compêndio de Psiquiatria- Ciências do Comportamento e Psiquiatria Clínica.
- FORLENZA, Orestes Vicente e MIGUEL, Euripedes Constantino. Clínica psiquiátrica de bolso. . Barueri, SP: Manole. .
- Hellwig S, Domschke K. Anxiety in Late Life: An Update on Pathomechanisms. Gerontology. 2019;65(5):465-473. doi: 10.1159/000500306. Epub 2019 Jun 18. PMID: 31212285.
- Imagens: Aula sobre “Transtorno de Ansiedade no Idoso” para o Ambulatório de Psicogeriatria da Residência em Psiquiatria da Secretaria de Saúde de São José dos Pinhais, produzida e ministrada pela Dra. Ana Flávia Machado
