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Depressão: a epidemia do século?

Termos como pandemia e epidemia ficaram famosos nos últimos anos, devido ao Coronavírus (COVID-19). Uma epidemia é uma doença que, de caráter transitório, atinge um grande número de pessoas em uma população. Se for de modo mundial, como no caso do COVID-19, chamamos de pandemia. A endemia é uma doença que atinge um número considerável de pessoas em uma região, porém que mantém-se com índices estáveis e previsíveis. Geralmente esses termos são usados para descrever doenças infectocontagiosas, porém têm sido empregados em outros contextos dentro da medicina. Mas será que podemos considerar a depressão uma epidemia? E será a depressão a epidemia do século?

Em paralelo, é cada vez mais comum ouvir histórias sobre depressão. Avaliações feitas pela Organização Mundial da Saúde indicam que a depressão atinge 3,7% das pessoas no mundo. Essa prevalência é ainda maior entre idosos, chegando a 5,7%.

O Brasil é o quinto colocado entre os países com maior número de diagnósticos de depressão do mundo, com estudos apontando que mais de 10% da população que é atendida na rede básica de saúde é atingida. O Brasil ocupa a primeira posição entre os países em desenvolvimento. Até onde conseguimos avaliar, mais de 15% dos brasileiros terão ao menos um episódio de depressão na vida. Desse modo podemos dizer que é uma doença que atinge um grande número de pessoas na nossa população.

Ao longo do tempo, observamos um aumento constante no diagnóstico de depressão. A OMS estima que até 2030 a depressão será a doença mais prevalente e também mais incapacitante do mundo, passando até mesmo por doenças como câncer e doenças cardíacas. Em alguns países como os Estados Unidos da América esse aumento vem sido registrado, tanto em mulheres (geralmente as que mais sofrem com a doença) e homens. Apesar da depressão ser uma doença que tem sido descrita ao longo da história da humanidade, o que já a caracterizaria como uma endemia, ao que temos de evidência estamos vendo um aumento do número de casos. Isso significa que estamos nos afastando de um padrão previsível e estável e nos aproximando cada vez mais do conceito de  que a depressão é uma epidemia.

 

 

Fonte da imagem: https://www.weforum.org/agenda/2018/05/depression-prevents-many-of-us-from-leading-healthy-and-productive-lives-being-the-no-1-cause-of-ill-health-and-disability-worldwide/

Será que é isso mesmo?

A prevalência de uma doença depende de muitos fatores, incluindo a necessidade que seja feito o diagnóstico. A depressão é muito além daquela imagem consagrada em filmes e televisão: pode se apresentar de diversas formas, com várias caras. Isso torna não só o diagnóstico difícil mas também reduz a procura pelo serviço de saúde. Isso significa que é possível que a prevalência da depressão seja ainda maior – e que esteja atingindo mais pessoas ao redor do Brasil e do mundo do que acreditamos. Então o que você acha? Será que a depressão é a epidemia do século?

 

Abaixo, alguns sintomas comuns à depressão que podem ajudar a pensar no diagnóstico.

  1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por relato subjetivo (por exemplo: sente-se triste, vazio ou sem esperança) ou por observação feita por outra pessoa (Nota: em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável).
  2. Acentuada diminuição de interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias (conforme indicado por relato subjetivo ou observação).
  3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (por exemplo, mudança de mais de 5% do peso corporal em menos de um mês) ou redução ou aumento no apetite quase todos os dias. (Nota: em crianças, considerar o insucesso em obter o peso esperado).
  4. Insônia ou hipersonia quase diária.
  5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias.
  6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias.
  7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser delirantes) quase todos os dias (não meramente autorrecriminação ou culpa por estar doente)
  8. Desejo de morte ou ideação suicida.

 

Autora: Dra. Ana Flávia Machado

Médica formada pela UFPR, Psiquiatra formada pela UNICAMP e Psicogeriatra formada pela UNIFESP.

Texto: Depressão: a epidemia do século? É original, escrito e editado pela Dra. Ana Flávia Machado.

 

Referências:

1) Organização Mundial da Saúde – OMS (World Health Organization – WHO): https://www.who.int/health-topics/depression#tab=tab_3. Último acesso em 07/03/2022.

2) Site Butantã: https://butantan.gov.br/covid/butantan-tira-duvida/tira-duvida-noticias/entenda-o-que-e-uma-pandemia-e-as-diferencas-entre-surto-epidemia-e-endemia. Último acesso em 07/03/2022.

3) Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS-OMS): https://www.paho.org/pt/topicos/depressao. Último acesso em 07/03/2022

4) Portal PebMed: https://pebmed.com.br/depressao-pode-ser-considerada-uma-epidemia/ Último acesso em 07/03/2022

5) Referência do gráfico: https://www.weforum.org/agenda/2018/05/depression-prevents-many-of-us-from-leading-healthy-and-productive-lives-being-the-no-1-cause-of-ill-health-and-disability-worldwide/. Último acesso em 07/03/2022.

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