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Demência de Alzheimer

Considerada a demência mais comum em todas as faixas etárias, os dados mostram que Demência de Alzheimer acometa mais de um milhão de brasileiros, número que talvez esteja reduzido devido ao subdiagnóstico. Ela se torna mais prevalente com o avanço da idade, estima-se que 80% dos pacientes acometidos tenham mais de 75 anos de idade.

A doença de Alzheimer inicia-se antes de qualquer sintoma demencial. Ainda na idade adulta, proteínas chamadas Beta-Amilóides que se acumulam paulatinamente no cérebro. Com o tempo, esse acúmulo passa a causar dano neuronal. Conforme o dano se intensifica iniciam-se sintomas cognitivos e neuropsiquiátricos que progridem com o tempo – conforme mais proteínas beta-amilóides se depositam no cérebro.

A doença de Alzheimer tem causa genética: está ligada ao gene APOE4. Em pacientes jovens que desenvolvem a doença, principalmente quando há uma história familiar importante, genes como APP, PSEN1 e PSEN2 estão relacionados.

 

 

Contudo, fatores ambientais tem impacto no desenvolvimento da Demência de Alzheimer e em sua velocidade de progressão. Conhecemos alguns fatores relacionados a menor incidência dessa doença. Entre eles se destacam tratamento eficaz contra doenças clínicas (como hipertensão arterial sistêmica e apneia obstrutiva do sono), escolaridade alta, atividade física regular e vida social ativa.

A queixa mais comum em pacientes com demência de Alzheimer são esquecimentos pois a doença acomete geralmente áreas do cérebro responsáveis pela memória. Mas também pode acometer outros domínios cognitivos como visuoespacial, linguagem, função executiva e sintomas neuropsiquiátricos.

Queixas comum em pacientes com Alzheimer

  • Esquecimento de eventos recentes.
  • Esquecer onde guardou pertences.
  • Perguntas repetidas.
  • Esquecer de compromissos.
  • Esquecer de pagar contas ou dificuldade com manuseio de finanças.
  • Dificuldade de encontrar palavras em uma conversa.

Outro desafio que surge com o avanço da doença são os sintomas neuropsiquiátricos associados. Alguns, como agressividade e insônia, podem estar relacionados diretamente a lesão neuroprogressiva. Outros, como por exemplo delírios que está sendo roubado ou achar que a imagem no espelho é outra pessoa, são relacionados as lacunas de memória.

 

 

O diagnóstico de qualquer tipo de demência é clínico. Está relacionado a perda de funcionalidade de tarefas instrumentais de vida diária. Para determinar a etiologia como Doença de Alzheimer é necessária avaliação com testagem cognitiva e é necessário um exame de imagem, a ressonância magnética, que pode mostrar alterações compatíveis com o perfil.

Em quadros atípicos ou início precoce pode ser indicado testagem genética, exames de imagem funcional (como pet-scan) e biomarcadores em líquido liquórico.

O tratamento da Demência de Alzheimer, no momento, não possibilita a cura. O principal objetivo é controle dos sintomas, melhora cognitiva e, principalmente, atraso na progressão natural da doença.

O tratamento se inicia com a psicoeducação sobre o quadro e técnicas comportamentais para manejo dos sintomas. Podem ser sugeridas medicações, onde se destacam o papel dos inibidores da acetilcolinesterase: Donepezila, a Galantamina ou a Rivastigmina. As três medicações são equivalentes em termo de eficácia e são administradas via comprimido. Apena a Rivastigmina possui apresentação transdérmica – na forma de um adesivo a ser colado na pele.

 

 

Recentemente, em 2021 foi aprovado pelo FDA a medicação aducanumabe, um anticorpo monoclonal de administração intravenosa mensal. Essa medicação propõe eliminar os depósitos de proteína que causam a lesão no neurônio na Doença de Alzheimer. Contudo são indicados apenas para fases iniciais da doença pois, até o momento, os estudos realizados incluíram apenas em fases “pré-demenciais”.

O papel do psicogeriatra é o diagnóstico e manejo de sintomas cognitivos (como perda de memória) e sintomas neuropsiquiátricos. Além de ser um tratamento muitas vezes desafiador, existe a necessidade de um diagnóstico cuidadosos, para avaliar outras causas de acometimento de memória – inclusive causas reversíveis. Por isso o diagnóstico deve ser feito por um profissional especializado.

Autora:

Dra. Ana Flávia Machado

Médica formada pela UFPR, Psiquiatra formada pela UNICAMP e Psicogeriatra formada pela UNIFESP.

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